Sinais da Vida

Como Ouvir a Voz Interior e Se Permitir Fluir

Há 15 anos, eu enxergava a vida de uma forma diferente. Em algumas áreas, agia de maneira inteligente e perspicaz, mas em outras tudo parecia confuso. Aos 21 anos, eu ainda não tinha a maturidade que o tempo e os aprendizados me trouxeram. Muitas vezes, as emoções, as palavras e as ações pareciam desconectadas, como se estivessem desalinhadas entre si.

Com a chegada da maternidade, esse desalinhamento se tornou evidente. A busca pelo autoconhecimento se intensificou, pois já não era possível ignorar as contradições que se manifestavam em minha vida. Eu precisava compreender por que meus pensamentos eram confusos, por que minhas palavras nem sempre refletiam minhas reais intenções e, principalmente, por que minhas ações muitas vezes contradiziam o que eu realmente sentia.

Foi nesse processo que comecei a me questionar: minhas escolhas eram, de fato, minhas? Ou eu apenas seguia um caminho já traçado pelo que era socialmente aceito? Inicialmente, essas reflexões surgiram no externo: será que eu gostava mesmo de determinada roupa, ou a usava apenas porque todos usavam? Aos poucos, percebi que essa indagação ia muito além do vestuário. Muitas das "bagagens" que carregava não eram minhas — eram crenças e padrões que absorvi sem questionar.

O Poder da Escuta Interna

A medida que deixava essas bagagens para trás, comecei a ouvir uma voz interna que sempre esteve ali, mas que antes era abafada pelo ruído do mundo exterior. Essa voz não se comunica com palavras, mas sim com sensações, percepções, simbolismos e intuição. No início, era um sussurro quase inaudível, mas, com prática e permissão, essa comunicação foi ganhando força e espaço.

Passei a perceber os sinais ao meu redor, a me tornar uma observadora da minha própria vida. Em vez de reagir automaticamente às situações, comecei a me perguntar: Isso é meu ou é do outro? Por que determinada ação me incomoda tanto? Será que essa emoção pertence a mim ou está refletindo algo não resolvido dentro de mim? Essa mudança de perspectiva me trouxe liberdade, tanto em relação ao mundo externo quanto ao meu universo interno.

A Sincronicidade e os Sinais da Vida

É como se, ao pedirmos sinais para a vida, Deus nos respondesse de todas as formas possíveis. E, ao aceitarmos que não temos controle sobre tudo, começamos a perceber a sincronicidade se manifestando com mais frequência. Ter olhos para sentir se tornou um lema pessoal: permitir-se escutar o que vai além do racional, abrir-se para a sutileza da vida.

Isso não significa que planejamento e racionalidade deixaram de existir. O esforço é necessário para colher resultados. No entanto, quando combinamos disciplina com intuição, encontramos um equilíbrio poderoso entre agir e permitir que a vida flua.

O Sentir Como Ferramenta de Autoconhecimento

Momentos de conexão com a natureza, brincadeiras espontâneas ou até mesmo interações com minha cadela Belladonna me fazem perceber o tempo de outra forma. Em cada uma dessas experiências, há uma intenção: o que eu preciso sentir neste momento? Que resposta estou buscando? Com o tempo, as respostas se revelam — seja por meio de símbolos, seja por um insight silencioso que surge do nada.

E essa conexão se manifesta em tudo, até mesmo na maneira como me visto. Hoje, a roupa que escolho não é para os outros, mas para mim. É um reflexo de como estou me sentindo e do que desejo expressar naquele dia. Não é a roupa que me veste, sou eu que visto a roupa, imprimindo nela minha energia. E essa autenticidade é percebida, mesmo que inconscientemente, por quem está ao meu redor.

O Primeiro Passo Para Se Conectar

Esse processo é sutil e silencioso. Ele acontece de maneira fluida, desde que nos permitamos vivenciá-lo. E se você ainda não teve essa experiência, eu te pergunto: Qual bagagem você precisa deixar para trás? O que ainda carrega que não pertence a você? Podemos pedir sinais para a vida, mas é preciso estar dispostos a escutar as respostas — e isso só acontece quando aprendemos a sentir.